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INSPIRAÇÃO: JOVEM ARARENDAENSE REALIZA SONHO DE SE TORNAR ADVOGADO.


03/03/2023:   Manoel Messias da Silva (Messias Queiroz), 34 anos, é um dos mais novos advogados do Rio de Janeiro. Mas a trajetória até a conquista da tão sonhada carteira da OAB não foi fácil: antes de vestir terno e gravata, ele passou por vários desafios, foi humilhado e morou com a avó em uma casa de taipa no Bairro Varjota - Ararendá.

Em entrevista ao Blog Ipaporanga Noticias, Messias Queiroz , conta uma história de inspiração, os percalços que enfrentou, e deixa um recado: “nunca desista de seus sonhos”. 

Conheça a História de inspiração e superação do mais novo advogado do Brasil.

BIOGRAFIA 

Meu nome é Manoel Messias da silva, hoje (2023), tenho 34 anos, moro no Rio de Janeiro-RJ, desde 2011 e, sou Advogado. É, realizei um sonho.

Mas antes de chegar até aqui, passei por tudo um pouco!

Nasci, em 02 de abril de 1988, meu parto não teve luxo e, foi no bairro Varjota, o bairro mais pobre da cidade de Ararendá-CE, que na época - 1988, nem cidade ainda era.

Não conheci meu pai, minha mãe Maria e minha Vó “Dona Ciça”, naquela época davam duro pra dar o mínimo pra gente ter o básico do básico. A propósito, no Bairro Varjota, morei por anos com minha Vô “Dona Ciça” em uma casa de taipa que foi construída por ela mesma, com suas próprias mãos.

Acho que o que me fez ser homem, mesmo sendo menino foi a forma de, como fui criado e por todas as dificuldades que passei na infância.

Ainda muito jovem experimentei uma dose de preconceito, sem mesmo saber o que era, pelo simples fato de morar no bairro mais pobre e desistruturado da cidade - Bairro Varjota.

Por andar, na frente liderando e, atrás de mim centenas de jovens, no ínicio me chamavam de chefe de gangue, mas nas eleições de liderança jovem.

Eu lembro quando recebi esse apelido de “Queiroz”, eu odiava, mas depois aceitei.

No Ararendá surgiu um Sargento de topete chamado “Sargento Queiroz”, me assemelharam a ele, pelo fato de eu ser justo e correto! Aceitei o apelido que hoje carrego como sobrenome irregular.

Eu odiava futebol! Até que depois de abusarmos de brincar de polícia e ladrão, na varjota, decidi criar um time de futebol. Eu não sabia, mas eu estava entretanto não só num fanatismo, mas como numa grande necessidade da juventude que, naquela época - 2004 à 2011 encontrava em mim, através do esporte o que não encontrava, muitas vezes em outro lugar ou até mesmo, em casa.

Eu não esperava que, fazer um simples campinho de futebol com traves de madeira, em seguida me traria a idéia de fazer o maior campeonato da região! Sim, o maior, pois foi o Campeonato Mirim de 2007 que, nos moldes do brasileirão, contou com a participação de 22 equipes no sistema de pontos corridos, cada time tinha seu campo, eram dois turnos, eu lembro que usei muito a bicicleta do meu irmão, para percorrer todos os campos como: Campo Wilson, Varjotão, Ari Melo, Ferreirão, Pedra Branca, Ribeiro, Lagoa do Peixe, Lagoa Grande, Angola, Siriema, Cabelo do nego, Barriguda, Livramento, me desculpem se esqueci alguma localidade/campo.

Eu criei o maior campeonato da cidade e região, com a participação de 22 equipes e que durou 07 meses ao estilo Brasileirão.

Eu não tinha noção das consequências positivas, pois acabei por conhecer e beneficiar tantos jovens que, até hoje, falam comigo, lembrando desse campeonato que, com muito esforço acabo por não conhecer as pessoas porque naquela época - 2007, não tinhamos o advento avançado da tecnologia, mas a lembrança maior daquele espetáculo não está em fotos e vídeos, como existe hoje, até mesmo porque naquela época não existia. A lembrança maior, a que ninguém apaga, está na lembrança, pois não tem preço, depois de mais de 10 anos, você andar pelas ruas, aqui, do Rio de Janeiro e algumas pessoas te pararem e falar “Ei, você é o Messias Queiroz”, joguei no campeonato mirim há mais de 10 anos atrás, quando eu ainda era uma criança e, esses são meus filhos”.

Me dediquei muito ao esporte do Ararendá e de forma voluntária, sem ganhar nada financeiramente por isso, mas o maior pagamento sempre foi o prazer de fazer algo, em benefício do próximo e dos reconhecimentos que recebo, até hoje.

Lembro quando estive na fila, para falar com o Governador Cid Gomes, por 03 vezes dei a viagem perdida, mas insistente como sou consegui na 4ª, e ele me perguntou: Para vim aqui, pela 4ª vez, nessa cidade, se você não é o secretário de esportes? Então quem é? Então lhe respondi: “Excelência, o secretário de esportes de lá, não sabe nem quantos lado tem uma bola”, então Cid deu gargalhadas e depois, o resultado: 17 dias depois, chuteiras calçavam os pés daqueles jogadores que não tinha condições de comprar um item que, naquela época era considerado para rico.

Resumidamente, me dediquei anos e, de forma voluntária, no esporte do Ararendá e região. Fui muito feliz e sou até hoje graças as boas lembranças.

Lembrei que minha atuação voluntária, eficiente e organizada no esporte voltada a juventude de Ararendá chamou a atenção, para o bem e para o mal, de vários políticos, pois muitos me elogiavam e apoiavam o meu trabalho, outros tinha medo de eu, um dia, tomar o seu lugar.

Falando nisso, lembro quando Vicente Mourão - Lider político da região à epoca me chamou na famosa Madeireira para ser candidato à Vereador. Bem, por mais que a proposta fosse tentadora aos olhos de alguns, não aceitei, pois jamais compartilhei com alguns idéiais daquele político - Vicente Mourão, daí a resposta para tantas perguntas, na época sobre: Porque não te colocam como secretário de esportes e/ou vereador? Bem, nunca gostei de ter o rabo preso e nem do errado, afinal de contas, meu sobrenome, naquela época era nada mais, nada menos que “Queiroz”, sobrenome que até hoje uso, pois pertence, nada mais, nada menos que  ao Sargento mais sério, verdadeiro e justo, daquela época. Mas não posso deixar de registrar que, mesmo recusando àqueles convites de Vicente Mourão, digo que, mesmo não gostando de esportes, Vicente Mourão era quem mais me apoiava, pois como ele mesmo dizia “Gosto do seu jeito sério e verdadeiro”, e cá entre nós, Vicente Mourão podia ser arrogante, ignorante e prepotente, mas sempre foi direto, objetivo e verdadeiro, ou seja, com ele era 8 ou 80.

Mas nem tudo foi um mar de rosas. em minha vida.

Em 2010, ano em que antecedeu minha viagem ao Rio de Janeiro, sofri uma tentativa de homicídio. Sim, jamais esperava que isso acontecesse na minha vida, mas aconteceu.

Eu sempre convivi com Nando, desde da época de ensino fundamental. lembro que chegamos a “brigar” coisa de adolescente, com nossos 14 anos, mas depois ficamos de bem.

Só que anos depois - 2011, eu já mais imaginei que fosse vitima de uma tentativa de homicídio por parte de um amigo e colega de escola, de infância.

Escape! Graças à Deus! Lembro que o Médico falou, depois da Cirurgia: É por isso que teu nome é “Messias”! 

Bem, no Ceará costumamos resolver, conforme a lei de talião: Olho por olho e dente por dente. poderia ter lhe tirado a vida! Mas não! Preferi deixar nas mãos de Deus! E meses depois foi plantado, germinou e floresceu um sonho, em minha vida - A de ser advogado!

Pois, bem, resolvi dar as caras e buscar esse sonho, só que já mais imaginei que pagaria preços caros de mais.

primeiro, tive que deixar minha cidade natal - Ararendá-CE, e junto com isso, minha família e o esporte que tanto gostava de promover para a juventude de Ararendá-CE e região. Mas fui! 

E, quando pensei que já tinha quitado a divida por ter vindo buscar um sonho, me enganei, ao ser surpreendido com uma ligação informando o falecimento da minha tão amada e querida Avó “Mãezinha”. 

Parei pra pensar e aí sim me dei conta que o que tinha pagado, pelo sonho, era apenas juros, pois a conta verdadeira era perder a minha Avó “Mãezinha”, fda qual não tenho palavras para lhe descrever e que, hoje, sei que está em um bom lugar assistindo minhas conquistas da qual lhe dedíco, em sua homenagem.

Lembro que cheguei no Rio de Janeiro, no início de fevereiro de 2011. aluguei uma cozinha que, aqui se chama kitnet, um pouco maior que o banheiro da casa que morei no Ceará.

Comecei a faculdade de Direito, mas logo larguei, tinha apenas 23 anos, cabeça avoada, sem experiência de vida, lá fora, mas depois, anos depois, em 2014 voltei e sabia que pra aguentar os 05 longos anos de faculdade de Direito, tinha que renunciar a vaidade da juventude, pois não ia pra festa, não comprava roupa de marca e não comia comida boa, tudo era para a faculdade através de xerox de paginas de livros bons e caros que não podia comprar e pegava emprestado, passagem para ir para a faculdade, tirando as vezes em que ia à pé, andando mais de 07 quilômetros e, a noite. 

Lembro quando morava num quartinho, na favela Barreira do vasco, em São Cristovão e, estudava no Campus Rebouça no bairro do Estácio, no Rio e tinha que passar pela área da rodoviária á noite, fui abordado por dois caras numa moto, anunciaram o assalto e quando viram na minha bolsa os livros da faculdade - Curso de Direito, falaram “Koe parceiro, se adianta, logo tu vai tar na frente do capa preta (Juiz), defendendo a gente”.

São muitas as histórias, sem fala quando deixava de fazer uma refeição descente para, simplesmente lanchar e utilizar o dinheiro para pagar xeros de livros da faculdade.

Bem, estou apenas resumindo um pouco da minha vida...

Sabe qual a frase que mais odeio? “Você teve sorte!” 

Se você é meu amigo ou quer ser meu amigo, nunca me diga essa frase!

Na verdade, por puro constrangimento, me limito a falar tudo que já passei para realizar meu sonho de ser Advogado!

Só te digo uma coisa, o primeiro passo sempre é o mais difícil e o restante... Bem, você, muitas vezes vai se sentir sozinho, mas cada degrau que você conquista, te encoraja a continuar subindo as escadas.

Hoje, com meu sonho realizado me sinto no dever de compartilhar um pouco de minha experiência e vida com vocês!

Messias Queiroz.

 

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